quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Cantiga de setembro...



É primavera florescer de cores,
Entra setembro, e inicia o fim.
Conta os dias, roda a saia
Na cantiga de quintal.

Pula corda com varal,
Joga pedra na vizinha... 
Conta versos de mentira,
Canta tudo o que não tem.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Esquinas...



Princesa perdida entre o cinza
E o preto e branco das guias,
Equilibrando seus sonhos,
Com seus sapatos vermelhos.

Menina, com seus joelhos ralados,
De tantos tombos já dados...
Atravessando a avenida,
Lhe falta espaço entre os carros.

São luzes pra todo lado,
São postes virando a esquina.
Ela caminha entre as sombras
Da solidão pelos becos.

E se dispersa tão fácil,
Que já não sabe o que é.
Que já nem sabe onde vai...
Se resumia em seus sonhos 
E passos desajeitados.

domingo, 23 de agosto de 2015

Barulho de Mar...




Esse barulho de mar que é a calma, e é também o medo.
É um frio na barriga, o barulho de onda 
renovando as águas...
Guardando as passadas, assim como a vida
e as nossas memórias.

Sentei na sacada...
Pra me ouvir nessa imensidão
de medos passados e medos futuros...
Coragem insana, que move e me afoga.

E por um momento na falta de tempo eu pude ver...
O quanto respirei nessa falta de ar,
O quanto sou sobrevivente entre os meus naufrágios...
No meio do mar, o mar que me afoga!
Me mata e me salva do morto.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Tempo nublado...




Às vezes eu queria escrever uma crônica bonita...
Dessas de verão, de saia rodada entre as flores.
Mas é que eu perco o sono, eu fumo demais,
E me incomoda o barulho da goteira da pia.

No mais, eu nem gosto do verão...
Eu só queria escrever uma crônica distraída,
Pra contrastar com o cansaço de quem pensa demais,
No meio do cotidiano cinza.

domingo, 12 de julho de 2015

Contradições do voo...



Toda melodia que ouvi conta minha história...
Cabe em mim todos os sentimentos do mundo,
Pra debater, chorar, sorrir e fugir.

Como se nada eu tivesse...
Tento salvar da queda sonhos risonhos pra dividir.
Como se eu fosse responsável por cada lágrima que cai, 
Ao redor do que considero possível mudar.

Por achar que todo mundo dói um pouco igual,
Virei uma heroína frustrada, com uma asa quebrada,
Tentando sorrir.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Em verde e creme...



Dormindo...
No quarto que não é quadrado,
De duas cores do meu agrado.
Do meu futuro eu já nem sei...
Meu endereço? Não descobri.

Dobrando a esquina, 
É que eu me perco.
E na janela que nunca tive,
É que eu me acho...
Guardada dos meu perigos.

Eu faço sombra na parede,
Enquanto o sol bate no vidro
Daquela fresta de cortina.
Que me acorda de manhãzinha, 
Só de pirraça!
Pra me lembrar que disso tudo,
Não mando em nada...
E o futuro, só amanhã. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Desligada...



Não tenho escrito,
Meu escrever anda calado.
Ainda sinto...
Mas estou longe de explicação.

Foi o excesso 
Silenciando meu desespero. 
Para ter calma, 
Se esforçando para existir
Uma saída...
Que me tirasse desse cansaço.

De tanto medo,
O próprio medo se acabou.
E tão perdido...
Quanto eu no que sentia, 
Foi se esvaindo...
Como eu que só sentia.
Diminuindo...
Enquanto eu, já não sentia, 
Mais tanto medo,
Do que podia acontecer.

Nós dois dormimos, 
Já não podemos acordar.
Faz falta a escrita...
Meus sentimentos se desligaram,
Para não chorar.