terça-feira, 20 de julho de 2010

Perfume dos bandidos




O doce perfume das rosas
Não perfumam mais que ti.
O toque suave que queima,
O quente calor do teu corpo no meu.

O leve acariciar das línguas,
Molhadas, emaranhadas...
O bruto encontrar dos órgãos perdidos,
A fuga e encontro de dois bandidos...

Lhe seca a garganta e molha o resto...
Banhados a pecado por nossos gestos.
Nas maravilhas de instantes
Entre o céu e inferno.

Os pedaços do nosso amor
Pelo quarto, pela cama, pelo teto.
A saída de nós dois desse labirinto inquieto,
O termino exausto de amar por completo.


domingo, 4 de julho de 2010

A Falta




O despertar com sono,
A falta de cor de um amanhecer monótono...
A falta de vida na própria vida, dia após dia.

A falta de força no fraco que olha.
A hora que passa, o tempo que corre,
O corpo que morre, e morto já está.

Quem tira da tumba o defunto é o relógio...
Que toca exato, não liga pros fatos,
Nem como estás.

É tudo tão bruto nesse seu mundo,
É um grande absurdo a vida que leva,
A carne onde mora...

A falta de riso nos olhos que choram,
A falta de choro no resto do povo,
A falta de loucos que deixa assim.

A demasiada sanidade é uma grande maldade...
Que nos confina aqui, que nos condena ao fim,
Triste fim.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pedaços em embaraços




Papel na mão, na outra um lápis e uma saudade...
Você se foi e retornou,
Me arrancou todo um amor.

Me deixou e agora volta...
Como se nada tivesse acontecido,
Como se ainda estivesse vivo.

Com essa volta o que em mim morreu
Ressuscitou, e eu tão dura comigo mesma, 
Já não tenho certeza...

Do que digo, do que sinto, do que faço
Em meio esse embaraço, 
Me deixou em pedaços...

Não sei se o que agora cola tá no devido espaço,
Ou se são sobras do que um dia foi,
E perdido em cacos volta a me atormentar.

Não chora peito o que os olhos vêem
É uma lembrança corrupta, de uma entrega absurda
A quem lhe fez sofrer...

Quem dera eu ter poupado essa dor,
Quem dera eu ser cigana, vidente que não se engana.
Quem dera eu não ter chorado, quem dera ... 

Não tivesse ficado nessa doce espera,
De quem não sabe qual,
O final... Qual?