sábado, 18 de abril de 2009

Domingo





E amanhã ainda é domingo,
Vão acabar os cigarros,
Hei de ter derrubado o vinho...
Meu amor não vem me ver,
Simplesmente porque ele não existe.

São dez da noite...
Me perfumei pra quando a solidão chegar,
Ela eu sei que vem, sem rodeio algum...
Não vou dormir, a noite promete!

Seja lá onde estiver, lembre-se de mim...
Porquê? Ainda sinto sua falta.
Mesmo sabendo que não existe,
Não para mim...

Escrevo porque tira a angústia de tanto calar.
Não preciso de platéia para meu teatro,
Eu mesma escrevo e atuo...
Choro no final, como qualquer sentimental.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Improviso



Quero deitar de pernas pro ar
E fingir que nesse mundo nada me abala...
Essa é minha ambição no final do dia.
Nada de eu te amo, boa noite e bons sonhos.

Agora quero esquecer os problemas e curtir meu cansaço.
São tão poucas as horas que me dou ao luxo
De não me cobrar pelos meus poucos esforços .

Hoje o que quero é um comprimido de conformismo relaxante...
Ver o meu belo lado errante, e achar bonito não fazer direito,
Pelo simples relaxo do imperfeito.

Quem não se fadiga em demasiado
Correndo atrás do que acha bom pra si próprio?
Atire a primeira pedra quem não curte o sarcasmo de infligir as regras
De um bom convívio consigo mesmo.
No resto do dia só me alegra viver minha segunda personalidade,
Que tende pro lado descompromissado com a vida.

Exausto meu corpo depois de um dia cansativo de tanto fazer,
Cansa-me também a falta do que fazer, quando não faço.
Mas agora só de pensar em fazer, já me canso!

Vou fechar os olhos e fingir que penso em algo bonito,
Para não perder o estiloso lado fictício
Que torna meu mundo mais poético e melódico.

Sempre mantendo as aparências,
Para tornar impecável meu papel, costumo ser boa atriz...
Tão boa que eu mesmo acredito na veracidade da história,
E não perco um só capítulo.

Mas hoje o que quero mesmo é esquecer o texto.
Pegar um caderno e brincar de colorir...
Vou partir pro improviso.


segunda-feira, 6 de abril de 2009

Miopia




Vejo graça onde não tem...
Por ser palhaça, por costume,
Ou pro meu próprio bem.
Surgiu em mim uma miopia,
E a não ver me acostumei.

Percebi que esse mundo não convém.
Há um certo encanto na miopia que me atinge,
Uso dela pra ver o que interessa,
Não há príncipes e os castelos são de areia.

Do conformismo ao conforto.
Pra cada sonho um despertar...
Já me acostumei com o barulho do relógio,
Com outras coisas ainda não, e talvez não me acostume.

Ainda espero por alguém que não vai chegar,
Por um dia que não há de raiar,
Por um beijo que não hei de dar,
E olhares que não vão se cruzar... Mas tudo bem!
Acostumei a ver graça onde não tem...