domingo, 19 de abril de 2015

Indisgestos



Todo fim tem um início
Pra começar a terminar,
Pra existir, pra doer e calar...

O tempo se acha ao tempo certo,
Mas não acalma a pressa que tenho,
Em acalmar a minha pressa.

Eu me imagino em filtros de sentimentos...
Eu me imagino demorada, esperando,
Pra engolir a dor que vem aos pedaços...

Indigestos de noites mal dormidas,
Indigestos de lágrimas caídas,
Indigestos de incompreensão decidida.

E eu torcendo que passe,
Como se soubesse esquecer...
Como se os comprimidos fizessem efeito.

sábado, 18 de abril de 2015

Longe...



Me faz falta o canto de escrever,
Chorar sem me esconder.
Me faz falta ficar só...

Me perder nos meus detalhes.
Bagunçar o guarda-roupas,
E não parecer tão louca...

Me faz falta as cantorias noturnas, 
Me cobrar pelos livros não lidos,
Na poeira da estante...

Me faz falta uma porta que me tranque,
No meu mundo colorido,
No meu mundo preto e branco...

Dos instantes que me fogem.
No meu mundo que existia,
Do outro lado do oceano. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Pra você!




Você virou meu fuso horário,
E eu reparto meu dia em dois,
Só pra te ter mais tempo...
Mas tempo algum é suficiente pra nós.

Eu queria unir o sol e a lua, 
Nesses nossos quilômetros de distância,
E tempo correndo ao contrário...
Só pra te ter do lado, em nosso universo paralelo.

Porque me faz falta sua voz com preguiça,
E o cabelo bagunçado quando acorda.
Até esse seu desajeito de esbarrar em tudo,
E falar bobagens só pra me tirar do sério.

Me faz falta as bagunças pela madrugada,
E nossas conversas antes de dormir...
Me faz falta esquecer que existe um mundo além de nós,
E agora o mundo, é só o mundo, e nada além.

No calendário são números sem sentido,
Aumentando e diminuindo, marcando a virada do mês.
E cada dia, é mais um dia, e menos um...
Pra eu voltar sorrindo, e te contar do tempo que passei distante.

Mas por enquanto eu vou guardando 
Os pedaços dessa saudade e ansiedade,
Pra gente matar em um daqueles abraços...
Que só a gente sabe.

domingo, 29 de março de 2015

Do fundo da gaveta...




Cultivar algo inseguro é o mesmo que desenhar a arquitetura de um castelo sentada na rua...
Sabendo que a qualquer momento caíra uma tempestade, bem em cima do papel.

Desconfio.

sábado, 28 de março de 2015

Traços...



Como se eu não tivesse vinte e poucos.
Como se eu não soubesse o nome de cada letra...
Queria aprender a escrever o que sinto.

Como se fosse escapatória de todas as palavras,
Travadas, na ponta dos dedos...
Preciso me dar a explicação por escrito.

Por ser racionalmente irracional,
E emocionalmente abstrata,
O meu retrato não tem um traço com direção.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Meu lados...




Sou os meus sentimentos, 
Meu estado de humor...
Sou minha vontade de ir, 
E a preguiça de voltar.
A esperança quando tenho, 
E o pessimismo quando deixo.

Sou as músicas que canto, 
Sou os sorrisos que entrego,
As lágrimas que derrubo, 
O falatório sozinho e inquieto.

Eu poderia dizer 
O nome pelo qual atendo.
Poderia dizer meu endereço,
Mas não tenho, sou de por aí...
Poderia mostrar o corpo que habito,
Contar como me pareço...

Mas não sou um conto com ponto, 
Uma prosa ou crônica reta...
Sou um coisa morrendo e sentindo,
Sou os sonhos que tenho a pulsar,
Enquanto há pulso.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Mudo



Então engula essa sensibilidade do avesso,
Sem pausa pra afago...
Porque explicação só faz barulho em vão.

No buraco de quem não entende 
Ecoa um socorro calado,
Não grita, não faz diferença.

Me canso, me calo, desisto...
Insisto e sinto de novo,
Repito meus erros e falo sozinha.

Fantasmas me cercam, 
Silêncio sentido, repito meu grito, 
Me canso outra vez.