quarta-feira, 16 de julho de 2014

Uma crônica mal feita...




Entre os sapatos jogados pelo quarto e os óculos embaçados, a vontade de um amanhã. Se perdia em medos de sua imaginação cansada, as cores do entardecer mostravam mais um dia perdido em seu pessimismo sujo, e a calma submissão incomodava os resíduos de esperanças.

Um cigarro atrás do outro, assistindo os seus não feitos, tristeza batendo no meio de conclusão alguma. Era apenas um corpo em repouso com seus dilemas, da cama para a cadeira, da cadeira para cama, e a tentativa de uma escrita que não vinha.

No pouco movimento as horas passavam engasgadas, forçados minutos correndo, e ela parada. No mudar de cores, no cair de luzes não se importou com tempo, ainda caída na cama se desfaz em sentimentos, pensamentos desorganizados embolados com a coberta, a vontade de dormir e a muita falta de sono. Se revira pelo espaço vago, inimiga solidão.

Entre o barulho de si para o quarto, entre o silêncio da rua para um eco, nada fazia sentido a não ser uma espera vazia de algo que não fazia ideia, ela queria ser salva... Mas na falta de herói, planejou fugir para o céu, planejou se sentar numa nuvem, jogar seus medos lá de cima. Ela planejou rir de deboche por se sentir abstrata demais, planejou brincar com as estrelas e esquecer dessas mágoas, de quem cresceu depressa, de quem se machucou à beça.

Ela não queria partir, só precisava de descanso, de um canto que abraçasse suas incertezas. Ela precisava acreditar no mundo, para jogar as fichas assim que voltasse do céu, do quarto, da cama, assim que voltasse para si.

Ela precisava se sentir Bem-Vinda! Ela precisava voltar para casa, mas apesar da pressa, se perdia pelo caminho do medo de não se achar, no meio dessa confusão. Até que então adormeceu, com o cansaço e receio de que o amanhã fosse igual. Amanheceu na cama, de onde não havia saído, e o resto eu conto depois...


Nenhum comentário:

Postar um comentário