quarta-feira, 14 de março de 2012

Mais ou menos II Saudade




Esse é o porto seguro dos meus medos,
Pelos becos grita a saudade do que passou faz tempo...
As risadas nas calçadas, os desenhos na parede,
Os degraus onde chorei as minhas mágoas tantas vezes...

A cada passo por essas ruas, elas me contam minhas pegadas,
Já apagadas, por outras tintas do imperdoável tempo...
Mas nessa trilha quem pula os trilhos são as lembranças,
Que me invadem por todos poros, acariciam com um belo tapa
E doí, não saber distinguir o ontem pro hoje...

Eu me sentava na esquina, tomava um bom e vagabundo vinho,
Olhava o céu na espera de coisa alguma, sentia o vento na face,
E o fascinante de tudo era exatamente esse vazio do nada...
Sem expectativas, moída na banalidade, respirando o elixir da noite,
Como se fosse o único fio concreto do fazer sentido...

A liberdade de olhar pra tudo, eu reparava na vizinhança, em suas casas,
Eu já sabia que a nostalgia me esperava...
Hoje caminho do mesmo jeito, mas vejo tudo tão diferente...
Tijolos a mais, os filhos já tem filhos, e eu não tenho filhos...

Continuo tentando cuidar de mim, trabalho árduo assumo,
Nunca fui tarefa fácil de se entender...
Mas dizem que cada um tem o carma que merece.
Eu me conformo com os passeios pela saudade...

Matá-la? Impossível! A gente mata o que é vivo
O que morreu não se pode matar.
O tempo leva tudo, inclusive o que é bom...
Nada mais é como antigamente, nem as calçadas.


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